OUTONO DA VIDA

© Joaquim Marques


No alvorecer das manhãs sem Sol
dias em tom cinzento e sem arrebol
olho p'las vidraças das minhas janelas
e, o verde esp'rança que meus olhos viram,
nas árvores q' entretanto se despiram,
agora, só vêem folhas amarelas...


Que formam belos tapetes p'lo chão...
Que, são pra pintores, bela inspiração.
Quis escrever versos e, de pena em riste
esboçei na mente, uma lind' aguarela...
Tentei em poesia passa-la pra tela
mas, apenas consegui, um poema triste...

Poeticamente esboçei novo quadro!...
Caminhando agora na orla dum lago,
vi nas suas águas imagens invertidas
de hastes esguias de choupos gigantes
que, em suas tremuras ondulantes...
Me fizeram lembrar, outonos de vidas...

Que d'igual modo, tremem ao constatar...
De q' o Inverno está prestes a chegar
e, de que um dia, jamais voltará Primavera.
Porque ao envelhecer, sua roupagem...
Tal como as hastes que vi na miragem,
a vida, deixa de ser tudo... que era...

Pro poema que tentei passar à tela
através dos vidros da minha janela
não encontrei as cores que queria...
Olhei a paisagem mais uma vez...
E, ouvindo a inspiração com sensatez,
deixei na tela uma monocromia...