O vento move núvens pardacentas
Encobrindo assim, o azul do céu;
As águas dos rios tornam-se barrentas
As noites aparecem negras como breu.
Chegou o Inverno, nas serras cai neve;
E a tristeza invadiu meu coração.
P’lo monte, um riacho corre como lebre...
Ao longe, já ouço ribombar o trovão.
Olho o céu escuro, não vejo estrelas;
Mas em mim cintila uma, a quem dei luz...
Que, com ou sem brilho, é a minha cruz.
Tempos difíceis, me trouxe este inverno
Mas no coração, inda há raios de luz,
Embora ofuscados... p’la sombra da cruz.
©
Joaquim Marques
Gaia/Porto -- PORTUGAL